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CONVITE

APRESENTAÇÃO

 Rômulo Soares Polari

Reitor da UFPB: 2004-2012

Esta obra traz a público um interessante trabalho acadêmico de análise lógico-histórica das mudanças econômicas da Região Metropolitana de João Pessoa (RMJP), na primeira década do Século XXI. Trata-se da parte territorial mais desenvolvida da Paraíba, concentrando cerca de um terço da população e metade do PIB desse Estado.

O objeto investigado é concebido à luz das transformações do capitalismo no tempo, com ênfase nos efeitos advindos das Revoluções Industriais. Nesse contexto, destacam-se importantes aspectos da integração da América Latina, especialmente em relação ao Brasil.

O período analisado da RMJP envolve os anos de auge da economia mundial, 2000-2007, e propagação da sua segunda maior crise histórica sistêmica, de 2008 a 2010. Até esse último ano, o Brasil não havia sofrido os maiores impactos dessa crise. Daí a importância de se compreender esse comportamento no âmbito regional de uma de suas menores economias estaduais.

A RMJP prestou-se muito bem a essa compreensão, por ser a região paraibana mais tipicamente capitalista e ter uma estrutura econômica de composição moderna, com elevados pesos dos setores industrial (25%) e de serviços (72%). Tornou-se, assim, possível, uma fundamentada apreensão da dinâmica desse modo de produção, espacialmente definido, com base no desenvolvimento das forças produtivas.

Os dados organizados e analisados demonstram que, no decênio 2000-2010, o PIB real da RMJP teve um crescimento excepcional, da ordem de 7% a.a., possibilitando um ritmo expansivo de 3,5% a.a. do total de pessoas ocupadas. Esses resultados superaram em muito os do Brasil, que foram de, respectivamente, 3,5% a.a. e 2,8 % a.a., e da Paraíba, 4,3% a.a. e 2,1% a.a.

Esse alto crescimento do PIB e do emprego da RMJP se deu com incremento de 2,1% a.a. da produtividade média das pessoas ocupadas, para o que contribuiu o aumento do nível de educação formal desses trabalhadores. Destoando desse desempenho socioeconômico favorável, o contingente dos empregados sem carteiras de trabalho assinadas manteve-se muito além do razoável, em torno de 23% da ocupação total.

As análises revelam uma discreta melhoria da distribuição da renda da população ocupada da RMJP, em benefício dos estratos inferiores de rendimento. Essa constatação é coerente com a redução da desigualdade expressa no Índice de Gini para essa distribuição, de 0,604, em 2000, para 0,580, em 2010. Houve forte influência da política nacional de valorização do salário mínimo real, que aumentou 77,9%, nesse decênio.

Esses resultados da RMJP dizem muito do capitalismo brasileiro e mundial, nas suas melhores fases, neste Século XXI: a) mesmo com alto crescimento do PIB, emprego e produtividade, consegue-se apenas atenuar a concentração da renda intraclasse trabalhadora e b) a distribuição funcional da renda, entre os rendimentos do capital e do trabalho, mantém tendência concentradora crescente em desfavor dos trabalhadores.

Enfim, a obra é uma contribuição relevante ao entendimento da realidade capitalista atual, a partir de um dos estados mais pobres do Brasil, enquanto economia emergente no mundo da globalização. Além do seu conteúdo explicativo, o livro oferece aos estudiosos e leitores uma bem elaborada base de dados socioeconômicos da RMJP, Paraíba, Nordeste e Brasil, sobre a problemática investigada.

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